As companhias aéreas Azul e Gol informaram o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre o acordo de codeshare anunciado recentemente e não esperam que obstáculos sejam impostos pela autoridade de defesa da concorrência no país, disse o presidente-executivo da Azul em entrevista à Reuters.

As companhias aéreas, que detêm cada uma cerca de 30% de participação no mercado doméstico, anunciaram o acordo na semana passada, cobrindo todas as rotas domésticas operadas por uma, mas não pela outra, juntamente com seus programas de fidelidade de clientes.

O acordo reacendeu especulações sobre uma possível fusão entre as empresas, o que precisaria de aprovação do órgão regulador.

A Azul (BOV:AZUL4) disse em comunicado ao mercado na noite de terça-feira, após a entrevista à Reuters, que está mantendo conversas independentes com a Abra, holding controladora da Gol (BOV:GOLL4), para “explorar” eventuais oportunidades, embora não haja ainda nenhum negócio firmado entre as empresas.

Acordos de codeshare não exigem autorização antitruste no Brasil, mas alguns profissionais que acompanham o setor expressaram preocupação com a concentração de mercado e sugeriram que o Cade deveria analisar o assunto.

“Fomos ao Cade para explicar tudo o que nós estamos fazendo e, se eles escolherem olhar, tudo bem”, disse o presidente-executivo da Azul, John Rodgerson. “Não tem rota em sobreposição, não temos coordenação de escala nem de precificação, então não vemos problema.”

Rodgerson observou que a Azul teve um acordo semelhante com a rival Latam em 2020, quando a pandemia atingiu o setor. Esse acordo terminou no ano seguinte, quando a Azul tentou, sem sucesso, uma combinação com a Latam.

O novo acordo de codeshare da Azul com a Gol ocorre depois que esta última entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro nos Estados Unidos, em meio a dificuldades com dívidas elevadas e atrasos nas entregas de aviões pela Boeing.

Mas Rodgerson disse que as empresas já estavam em negociações para algum tipo de acordo antes mesmo disso, dadas as suas malhas complementares. A Gol tem foco em grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, enquanto a Azul possui uma rede mais dispersa.

“Operamos mais ou menos 100 cidades que a Gol não opera, e a partir de agora pode fluir muito mais fácil”, disse.

Analistas estimam que a Azul voe sozinha em mais de 80% de suas rotas.

As companhias aéreas brasileiras têm apurado forte demanda este ano. Em março, a Azul elevou estimativa para o resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), citando também melhoria dos preços dos combustíveis e crescimento de capacidade.

A companhia espera adicionar de duas a três aeronaves por mês de junho até o final do ano, a maioria delas Embraer, e está confiante na continuação do ambiente de forte demanda.

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