As ações da Companhia Siderúrgica Nacional e da sua subsidiária
CSN Mineração (BOV:CMIN3) registram queda de 4,40% e 2,80%,
respectivamente, nesta quinta-feira (12), um dia após a realização
do Investidor Day 2024.
Durante o evento, liderado pelo CEO Benjamin Steinbruch, ao lado
dos CFOs Marco Rabello e Pedro Oliva, a empresa detalhou seus
planos para o futuro, com destaque para a busca pela redução de
alavancagem, desaceleração de investimentos (Capex) e esforços para
atingir o grau de investimento nas principais agências de
classificação de risco, como S&P, Moody’s e Fitch.
Analistas, no entanto, avaliam que a meta de elevar a nota de
crédito ainda está distante da realidade atual da empresa.
Um dos pontos mais controversos para os investidores foi a
revisão das projeções de produção da divisão de mineração,
considerada “a joia da coroa” da CSN (BOV:CSNA3). A nova estimativa
para o período de 2027 a 2030 prevê um intervalo de 43,5 a 65
milhões de toneladas (Mt), abaixo do guidance anterior de 53 a 68
Mt. Essa revisão já inclui projetos de expansão importantes, como o
Itabirito P15, com início previsto para 2027 e capacidade de 16,5
Mt, além da recuperação de rejeitos do projeto B4, que deve
adicionar 2,5 Mt no mesmo ano. Apesar desses esforços, a redução no
guidance preocupa o mercado em relação ao impacto na geração de
caixa livre (FCF).
Além disso, a projeção otimista da CSN para os preços do minério
de ferro em 2025, estimada entre US$ 100 e US$ 110 por tonelada,
levantou dúvidas. Muitos investidores e analistas acreditam que os
valores estarão abaixo de US$ 100/t, alinhados à média de US$ 99/t
projetada por especialistas independentes.
Outro ponto crítico foi o custo de produção, que permanece
estável no custo C1 (entre US$ 21,5 e 23/t), frustrando
expectativas de reduções mais expressivas, especialmente em
comparação com a Vale, que prevê queda de 6,8% no mesmo indicador.
Embora o projeto Itabirito P15 tenha potencial para gerar um lucro
antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda)
adicional de R$ 4,6 bilhões, as incertezas sobre os preços futuros
do minério continuam a ofuscar parte do potencial de
valorização.
Na divisão de aço, a CSN prevê uma recuperação moderada em 2025,
com projeções de preços médios mais altos nos mercados dos Estados
Unidos (US$ 900/t, contra US$ 743/t em 2024) e China (US$ 580/t,
contra US$ 478/t). No Brasil, o consumo aparente de aços planos
deve crescer 3,2%, enquanto o de aços longos deve aumentar 3,8%.
Apesar dessas expectativas, a alta participação de aços importados
no mercado interno, que pode alcançar 22% do consumo aparente em
2024, gera preocupações sobre a eficácia de medidas de defesa
comercial, como quotas e aumento de impostos.
A divisão de cimentos trouxe um contraponto positivo, com
projeções otimistas e desempenho consistente. Outro destaque foi o
anúncio da redução do Capex de expansão, que passará de R$ 15,2
bilhões (2025-2028) para R$ 13,2 bilhões (2025-2030), aliviando
pressões sobre o fluxo de caixa e ajudando a manter baixos índices
de alavancagem.
Além disso, no Investidor Day, a CSN reafirmou seu compromisso
com dividendos potentes, destinando entre 80% e 100% do lucro aos
acionistas, o que reforça seu histórico de retorno, já acumulando
R$ 16,9 bilhões em distribuições desde a sua oferta pública inicial
(IPO).
Recomendação e preço-alvo
Analistas da XP Investimentos dizem que, apesar dos esforços da
CSN para reforçar sua estratégia de longo prazo e endereçar
preocupações com a alavancagem financeira, eles mantêm uma
perspectiva neutra para as ações da companhia e de sua subsidiária
CMIN. A cautela, segundo eles, reflete dois fatores principais: a
projeção pouco otimista para os preços do minério de ferro,
impactada pelo desempenho abaixo do esperado do setor imobiliário
na China, e a pressão contínua sobre os preços do aço, diante do
aumento da concorrência com produtos importados.
No segmento de aço, a XP observa que a crescente paridade de
importação de aços planos tem limitado a capacidade da CSN de
implementar novos reajustes de preços. Esse cenário, dizem os
estrategistas, é agravado pelo avanço dos níveis de importação no
mercado interno, dificultando a recuperação de margens. A soma
dessas dificuldades sustenta uma visão que a corretora considera
prudente sobre as perspectivas de curto e médio prazo para as
operações da empresa nos mercados doméstico e global.
A Genial Investimentos diz, em relatório, que a redução no
guidance de produção de minério de ferro e a estabilidade do custo
C1/t reforçaram a recomendação de “Manter” para as ações da CSN,
com corte no preço-alvo para R$ 5,75 (+0,5% de upside). Apesar do
otimismo no segmento de cimentos, a desalavancagem (meta de 3x
dívida líquida/Ebitda), segundo a corretora, parece insuficiente
frente aos 3,3x no terceiro trimestre deste ano, agravada pela alta
da Selic para 12,25%. A Genial recomenda as ações com preço-alvo de
R$ 12,75 (+10,1% de upside).
O BTG analisa que, apesar dos recentes esforços de alocação de
capital e iniciativas de gestão, o banco permanece cauteloso quanto
à tese de investimento na CSN, devido à baixa perspectiva de
geração de fluxo de caixa livre no médio prazo. Embora a demanda no
Brasil apresente sinais positivos, os analistas observam que a
capacidade de precificação continua limitada pela fraca demanda
chinesa e pelas pressões crescentes das importações.
No mercado internacional, a empresa aposta em uma recuperação de
preços. Nos EUA, o chamado “efeito Trump” pode favorecer maior
proteção da produção local, enquanto na China, a expectativa de
melhora está atrelada a estímulos governamentais, embora os riscos
no setor imobiliário ainda sejam expressivos.
O Bradesco BBI, por sua vez, diz que a empresa tem buscado
melhorar sua lucratividade em todas as divisões e manter a
alavancagem abaixo de 3x dívida líquida/Ebitda. No entanto, os
analistas afirmam que a recomendação permanece neutra para as ações
da CSN, com preço-alvo de R$ 15, uma vez que a geração de fluxo de
caixa livre continua pressionada nos próximos anos, principalmente
devido ao alto programa de Capex Além disso, de acordo com eles, os
investidores devem levar mais tempo para precificar os benefícios e
o Ebitda incremental dos projetos futuros.
Informações Infomoney
SID NACIONAL ON (BOV:CSNA3)
Historical Stock Chart
From Nov 2024 to Dec 2024
SID NACIONAL ON (BOV:CSNA3)
Historical Stock Chart
From Dec 2023 to Dec 2024