A Qualicorp reportou prejuízo líquido de R$ 58,7 milhões no quarto trimestre de 2023 (4T23), montante 26,5% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2022, informou a companhia.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 169,7 milhões no 4T23, um recuo de 21,2% em relação ao 4T22.

A margem Ebitda ajustada atingiu 40,9% entre outubro e dezembro do ano passado, queda de 6,6 p.p. frente a margem registrada em 4T22.

A receita líquida somou R$ 414,4 milhões no quarto trimestre do ano passado, uma redução de 8,5% na comparação com igual etapa de 2022, devido, principalmente, pela redução na base de clientes no período.

Os custos e despesas somaram R$ 316,6 milhões no 4T23, uma redução de 19,2% em relação ao mesmo período de 2022.

O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 51,4 milhões no quarto trimestre de 2023, uma diminuição de 26,2% sobre as perdas financeiras da mesma etapa de 2022.

Em 31 de dezembro de 2023, a dívida líquida da companhia era de R$ 1,220 bilhão, uma redução de 18,5% na comparação com a mesma etapa de 2022.

O indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida líquida/Ebitda ajustado, ficou em 1,58 vez em dezembro/23, queda de 0,02 p.p. em relação ao mesmo período de 2022.

O fluxo de caixa livre, antes de juros e dividendos, apresentou uma geração de R$ 109,4 milhões no 4T23, com variação de -3,8% frente ao trimestre anterior.

A Qualicorp finalizou 2023 com um portfólio total de 2,1 milhões de vidas que foi 13,1% menor que 2022, devido principalmente ao decréscimo de 26,6% frente ao ano passado no portfólio de Adesão que foi parcialmente compensado por um crescimento de 9,0% vs. 2022 nos outros segmentos (Empresarial, Gama e PME).

Os resultados da Qualicorp (BOV:QUAL3) referentes às suas operações do quarto trimestre de 2023 foram divulgados no dia 21/03/2024.

Teleconferência

Na teleconferência, o CEO da companhia, Maurício Lopes, destacou que o processo de reestruturação, enfrentado há mais de um ano, tem caminhado da forma esperada. “Todas as alavancas que temos que mexer para o turnaround estão sendo feitas”, afirmou. O executivo considera que o caixa cheio, dívida equacionada e melhores margens podem garantir que, na virada positiva do setor, a Qualicorp assuma o papel de protagonista.

A administração antecipa crescimento de produtos no portfólio que prevejam a co-participação e menores níveis de reembolso. Além disso, o executivo afirmou que tendência do mercado é de cancelamento de planos PME (pequena e média empresas) com 1 e 2 usuários, como já realizado por grande operadora do setor (não citada na teleconferência). Lopes mencionou expectativas de que outras operadoras também realizem esse tipo de movimento, destacando, contudo, a importância da existência de planos por adesão.

De acordo com o executivo, as conversas com operadoras para mudanças nesse sentido tem caminhado de forma positiva e que a tentativa é de garantir a melhor opção para o beneficiário. Mesmo com cenário complexo e incerto no varejo, o CEO garantiu que a demanda nesse segmento sempre existirá e que deverá ser suprida.

“O que temos que avaliar é que os players mais tradicionais está mais restritivos e os players mais novos estão mais agressivos”, pondera, citando, por exemplo, a oferta de planos para idosos. Para a manutenção da saúde do setor como um todo, Lopes destacou a necessidade de proteção da mutualidade, exemplificando com a importância da carência para usuários com questões de saúde que façam jus à sua aplicação.

O executivo mencionou, também, que o pagamento de dividendos deve acontecer apenas em 2025, em razão do prejuízo atualmente observado. “Para 2023, a gente vê uma companhia que gerou um prejuízo contábil e não teremos provisão de dividendos para 2024”, afirma o CEO. A partir de 2025, empresa deve retomar o pagamento de dividendos. “Acontecerá quando entendermos que a companhia está em um patamar de estrutura sustentável para médio e longo prazo”, acrescenta.

VISÃO DO MERCADO

BTG Pactual

O BTG Pactual, por sua vez, considerou os dados como fracos e comprometidos, ainda que tenham ficado pouco abaixo das estimativas. O destaque negativo ficou pela redução na base de membros do segmento de Afinidade (que encolheu 21% em 2023), de acordo com o banco. O dado impactou a receita líquida em 8,5% na comparação anual, para R$ 414 milhões. O balanço também foi poluído pela venda da QSaude, por R$ 16 milhões, que se somaram à R$ 31 milhões relacionados a Provisão de Despesas Administrativas (PDA) único. As melhorias ressaltadas pelo BTG foram a melhoria das margens Ebitda ajustado (na comparação anual) e a leve queda no endividamento líquido trimestral. O BTG recomenda o nome como neutro, com preço alvo em R$ 5,00.

Bradesco BBI

Os resultados da Qualicorp foram mais fracos do que o esperado no quarto trimestre, com fraqueza nas receitas durante o período afetando as margens da companhia, diz o Bradesco BBI.

Os analistas Marcio Osako e Caio Rocha escrevem que as receitas caíram 9% no ano, enquanto o Ebitda ajudado da empresa ficou 9% abaixo das estimativas por conta de um desempenho ruim de custos.

O desempenho ruim na linha do Ebitda deixou o lucro líquido ajustado da Qualicorp em R$ 2 milhões, bem abaixo da projeção do banco em R$ 18 milhões, compensando resultado financeiro e de impostos melhor.

O Bradesco BBI tem recomendação neutra para Qualicorp, com preço-alvo em R$ 4,10, potencial de alta de 65,3% sobre o fechamento de ontem.

Citi

A Qualicorp teve resultados fracos no quarto trimestre, impactado por itens não recorrentes e em linha com o profundo processo de reestruturação que a empresa passa, diz o Citi.

Os analistas Leandro Bastos e Renan Prata escrevem que, retirando todos os ruídos dos números, a empresa teve um prejuízo recorrente de R$ 11 milhões, abaixo da estimativa deles de lucro.

No entanto, o banco destaca que a Qualicorp teve boa geração de caixa em R$ 61 milhões, além de ter reduzido dívida, mostrando sinais das iniciativas que a empresa vem tomando para tentar retomar crescimento.

O Citi tem recomendação neutra para Qualicorp, com preço-alvo em R$ 2,80, potencial de alta de 12,9% sobre o fechamento de ontem.

Genial

A Genial destacou a redução de novas contratações, que não foram compensadas pela redução no nível de cancelamentos, e trouxeram adições líquidas negativas para a carteira de vidas da companhia. Com isso, a receita líquida foi impactada tanto na comparação anual quanto trimestral. A última linha do balanço foi diretamente impactada, como mencionado pelo BTG, pelos efeitos não recorrentes causados pela renegociação da QSaúde, aumento no provisionamento e perdas pontuais de migração de processos de faturamento. “Esses efeitos impactam diretamente a última linha do balanço, gerando um prejuízo líquido de R$ 57 milhões, um aumento do prejuízo em 8,6% na comparação trimestral”, explicou a Genial, que mantém cautela para o nome e o recomenda como neutro, com preço alvo de R$ 5,00.

Itaú BBA

O Itaú BBA não reagiu com surpresa em relação aos dados, os considerando “amplamente alinhados com o 4T23”. A receita líquida diminuiu 9% na comparação anual por trimestre de perdas líquidas e marcadas por menores adições brutas, segundo o banco. O cancelamento (churn) ser menor não foi o suficiente para equilibrar as reduções de adições. O BBA destaca, como positivo, que a companhia reportou um bom fluxo de caixa livre operacional de R$ 109 milhões no trimestre. O nome é classificado como market perform (performance de mercado, similar à neutro), com preço alvo estimado em R$ 7,00 pelo BBA.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão
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