GPA: analistas veem desconto grande em relação ao valor de mercado do Éxito
29 June 2023 - 11:13PM
Newspaper
O GPA, proprietário da varejista de supermercados Pão de Açúcar,
tem sido o destaque nas notícias desta semana. Após a divulgação de
que o grupo francês Casino está considerando vender sua
participação na empresa, os investidores estão repercutindo, nesta
quinta-feira (29), a notícia de que o magnata colombiano Jaime
Gilinski apresentou uma oferta não solicitada e não negociada
previamente para adquirir a totalidade da participação societária
do GPA no Grupo Éxito.
De acordo com um comunicado relevante, a oferta vinculante,
válida até 7 de julho, tem um valor equivalente a US$ 836 milhões,
a ser pago em dinheiro pela participação acionária total de 96,52%
do GPA no Éxito. O conselho de administração da varejista se
reunirá para avaliar a oferta, conforme mencionado no
documento.
Caso a oferta seja aceita pelo GPA, o pagamento seria efetuado à
vista e concretizado por meio de uma oferta pública de aquisição de
ações (OPA).
A XP ressalta que o valor oferecido está 41% acima de sua
projeção para o ativo, mas 36% abaixo de seu valor de mercado atual
e 47% abaixo do valuation implícito esperado pelo GPA, de acordo
com seu plano de desinvestimentos divulgado para o mercado.
Os analistas Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday, que
assinam o relatório, apontam que isso pode representar um desafio
para a aceitação da oferta pelo Conselho, mas a atual situação de
alavancagem do Casino e do GPA pode ser um fator decisivo.
Portanto, eles veem um risco baixo de a oferta não se
concretizar.
Os analistas estimam o valor justo do GPA com base na valuation
da oferta e na valuation do GPA Brasil (BOV:PCAR3), utilizando uma
abordagem de múltiplo-alvo, considerando os riscos de
reestruturação e execução que estão ocorrendo na empresa.
O anúncio é considerado positivo pela equipe, uma vez que
permitiria que o GPA se desfizesse completamente das operações do
Éxito por meio de uma transação em dinheiro. Além disso, poderia
acelerar o desinvestimento do controlador do grupo (Casino) no GPA
Brasil, uma vez que o ativo se tornaria mais atraente para
investidores estratégicos sem a participação no Grupo Éxito.
No entanto, a recomendação neutra é mantida porque a equipe
acredita que o preço da transação já está precificado no mercado
atualmente, e não há muito espaço para reavaliação dos níveis
atuais de preços, considerando uma margem líquida normalizada ainda
abaixo de 1% para 2024 e um múltiplo alvo de Preço/Lucro de 7-8x
para o GPA Brasil.
Goldman Sachs e Morgan Stanley também reforçaram a recomendação
neutra para o ativo após o anúncio.
O Morgan destaca que a oferta proposta oferece contraprestação
em dinheiro, o que pode ajudar na desalavancagem ou no retorno de
capital da CBD. No entanto, eles também observam um desconto alto
de 34% em relação ao último preço de fechamento do Éxito.
Os analistas do banco ressaltam que, com a controladora Casino
(que possui 40,9% do grupo GPA) apresentando recentemente um plano
estratégico que inclui as participações do GPA e Éxito como parte
de seu programa de alienação de ativos até 2024, pode haver
benefícios com essa operação, combinando desalavancagem para o GPA
e retorno de capital para os acionistas.
No entanto, eles observam que, devido ao alto desconto
implícito, a aceitação da oferta eliminaria o potencial de criação
de valor futuro e a oportunidade de rentabilizar o Éxito a um preço
mais elevado.
Dessa forma, embora GPA e Éxito sejam negociados a múltiplos de
EV/Ebitda considerados baratos, aguardando maior clareza sobre a
recuperação operacional do GPA Brasil e os esforços de
racionalização de portfólio, os analistas do Morgan mantêm a
recomendação equalweight (exposição em linha com a média do
mercado) para PCAR3. O preço-alvo é de R$ 18, o que representa um
potencial de valorização de 11,4% em relação ao fechamento
anterior.
O Goldman Sachs tem uma recomendação neutra e também estabeleceu
um preço-alvo de R$ 18 para os ativos. O banco reforça a avaliação
de que o valor oferecido representa um desconto significativo de
mais de 30% em relação ao valor de mercado atual do Grupo Éxito,
que é cerca de US$ 1,3 bilhão. No entanto, eles também observam que
a liquidez das ações é atualmente limitada devido ao pequeno free
float.
Embora o banco não tenha uma opinião sobre se a empresa seguiria
em frente com o acordo, assumindo um pagamento único, eles apontam
que a alavancagem financeira do GPA resultaria em um saldo positivo
de caixa sob uma dívida líquida pró-forma (excluindo aluguéis).
O banco também fornece um breve histórico do bilionário Jaime
Gilinksi, que fez a oferta. Gilinski é um banqueiro e incorporador
imobiliário colombiano que, no passado, realizou várias aquisições
e/ou deteve participações significativas em diferentes bancos não
apenas na Colômbia, mas também em outros países da América Latina e
até na Europa.
Nos últimos anos, Gilinski, em parceria com outros investidores,
também esteve envolvido em ofertas públicas de aquisição envolvendo
o Grupo Nutresa, uma das maiores empresas de processamento de
alimentos da América Latina, e o Grupo Sura, um dos maiores
conglomerados financeiros da América Latina.
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