A AgroGalaxy, uma das maiores varejistas de insumos agrícolas e
serviços voltados ao agronegócio do Brasil, registrou no primeiro
trimestre de 2023 prejuízo líquido ajustado de R$ 96,6 milhões,
ampliando em 116,1% o prejuízo líquido ajustado registrado no
primeiro trimestre de 2022, de R$ 44,7 milhões. A margem de lucro
ajustado, que há um ano havia ficado negativa em 1,4%, no primeiro
trimestre deste ano ficou negativa em 3,5%.
“O resultado financeiro seguiu afetado pelo CDI em patamares
elevados, mas melhoramos o repasse de custos financeiros de
produtos vendidos a prazo aos nossos clientes, amenizando o efeito
da Selic – que não está sob nosso controle”, explicou em nota o CFO
(diretor financeiro) da AgroGalaxy, Mauricio Puliti. No primeiro
trimestre do ano passado, o CDI (que acompanha a Selic) estava em
10,5%, 3 pontos porcentuais abaixo dos atuais 13,7%.
A receita líquida total no primeiro trimestre de 2023 atingiu R$
2,8 bilhões, 11,4% abaixo dos R$ 3,1 bilhões apurados nos três
primeiros meses do ano passado. A receita de insumos diminuiu 7%,
para R$ 1,6 bilhão, mas a participação das especialidades no bolo
subiu para 8,2%, ante 5,3% no primeiro trimestre de 2022. A receita
com bioinsumos aumentou 72% e alcançou R$ 65 milhões no
trimestre.
O lucro bruto ajustado atingiu R$ 257 milhões, queda de 21% na
comparação anual, com margem de 9,2% (contra 10,3% um ano atrás). O
lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda)
ajustado totalizou R$ 59 milhões, recuo de 55% ante o primeiro
trimestre do ano passado, com margem de 2,1% (ante margem de 4,1%
um ano antes).
Em release de resultados, a CEO da varejista de insumos, Sheilla
Albuquerque, comenta que o cenário “desafiador” era esperado. “O
primeiro trimestre do ano foi afetado por dois efeitos principais:
queda nos preços de fertilizantes e herbicidas, com altos estoques
de alguns produtos no setor, e o atraso da colheita e
comercialização de soja em comparação aos quatro últimos ciclos. O
primeiro ponto levou ao menor faturamento nesse segmento,
acompanhado de queda de margens; o segundo, ao aumento do plantio
de milho safrinha fora da janela e ao atraso no faturamento de
grãos, com consequente deslocamento do recebimento de contas de
insumos – que devem ocorrer no segundo trimestre”, explica.
Parte da queda da receita com a venda de insumos se deve à
redução de 6% do volume vendido no primeiro trimestre, na
comparação anual, e à diminuição dos preços, de 0,8% na mesma base
de comparação. Além disso, a margem de lucro obtida com a
comercialização de insumos caiu 3,2 pontos porcentuais comparando
os dois trimestres, de 18,3% para 15,1%.
O diretor vice-presidente da companhia, Fernando Manzeppi, diz
que a companhia já iniciou o ano sem estoques de fertilizantes,
apenas com algum estoque de defensivo para atender aos produtores
em momentos em que há necessidade de pronta entrega.
“Hoje, nosso estoque de defensivo é muito menor do que no começo
do ano, já temos uma carteira muito maior do que nosso estoque,
então nossa exposição em estoque não existe mais”, afirmou. Os
estoques de fertilizantes e herbicidas da companhia haviam sido
formados quando os preços desses insumos estavam mais altos, mas as
vendas ocorreram posteriormente em um período de preços mais
baixos.
Os estoques mais recentes já vêm sendo formados com custos mais
baixos, o que tende a ajudar a empresa a recompor suas margens.
“Com os novos custos de reposição (de estoques de insumos) e preços
na ponta, olhando para a frente, a nossa carteira entra na
normalidade histórica. Perdemos margem no primeiro trimestre e
daqui para a frente voltamos a uma margem de normalidade”, diz
Manzeppi. Segundo Puliti, no segmento de insumos uma margem
“normal” seria ao redor de 18%.
Puliti lembrou que há sazonalidade nos resultados da companhia
ao longo do ano. Em 2022, 68% do faturamento da empresa se
concentrou no segundo semestre (27% no terceiro trimestre e 44% no
quarto) e somente 32% no primeiro semestre. Na média do período de
2020 a 2022, 71% do faturamento da AgroGalaxy ocorreu no segundo
semestre.
Pedidos
A carteira de pedidos da AgroGalaxy no fim do primeiro trimestre de
2023 somava R$ 2 bilhões, 41% menos do que em igual período de
2022, segundo release de resultados da companhia. A queda, explica
a varejista de insumos agrícolas, se deve ao recuo de preços em
fertilizantes e herbicidas e ao adiamento de pedidos por parte de
produtores, estimulados pela tendência de queda de preços em alguns
segmentos de insumos.
O diretor vice-presidente da companhia, Fernando Manzeppi,
explica que produtores que vêm adiando a compra de fertilizantes
para a próxima safra terão de fazê-lo no segundo trimestre, de modo
a receber o produto a tempo do plantio, a partir de setembro. Isso
porque a maior parte dos insumos para produção de adubos no País é
importada e, além do tempo de importação, é preciso considerar
também o prazo para as matérias-primas chegarem às unidades de
mistura de fertilizantes e depois às regiões agrícolas.
Em release de resultados, a companhia informou que o número de
clientes no primeiro trimestre de 2023 aumentou 28% em comparação a
março de 2022, para 29.294, e que a receita de insumos por cliente
nos últimos 12 meses encerrados em março deste ano cresceu 7,9%,
para R$ 258 mil.
Os resultados da Agrogalaxy (BOV:AGXY3) referente
suas operações do primeiro trimestre de 2023 foram
divulgados no dia 12/05/2023.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters
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