Até onde vai a alta da CSN após a tragédia de Brumadinho?
06 April 2019 - 12:51AM
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Completados dois meses da tragédia que devastou Brumadinho, a
CSN (BOV:CSNA3) aparece como a única
realmente beneficiada com o desastre. A empresa presidida por
Benjamin Steinbruch já havia crescido na
preferência dos investidores por reduzir seu endividamento e
melhorar as margens de lucro.
Com a tragédia da Vale (VALE3),
seus papéis dispararam. Desde Brumadinho, as ações
haviam subido 72,7% até a quarta-feira 27, a maior alta da bolsa no
ano. No período, as ações da Vale caíram 2,3% e o Ibovespa subiu
5,7%.
Para entender o movimento é preciso lembrar que a companhia de
Steinbruch não é apenas uma siderúrgica. Ela também vende cerca 35
milhões de toneladas de minério de ferro por ano. É bem menos que
os 400 milhões de toneladas que a Vale vendeu em 2018.
Mesmo assim, a interrupção das atividades nas minas de
Brumadinho e Brucutu deve reduzir essa cifra em 70 milhões de
toneladas. O reflexo no preço do minério foi imediato. Após
Brumadinho, as cotações internacionais da tonelada, que oscilavam
ao redor de US$ 75, saltaram para US$ 90, uma alta de 20%.
Acordo com a Glencore
Além de melhorar a margem, a CSN vem buscando
ampliar sua fatia de mercado. Em 20 de fevereiro, poucos dias
depois da catástrofe, a empresa fechou um contrato de fornecimento
de longo prazo com a trading suíça Glencore. O
acordo prevê o fornecimento de um lote de 22 milhões de toneladas
de minério de ferro até 2024.
A Glencore vai pagar US$ 500 milhões antecipadamente. Em sete de
março, alguns dias depois do fechamento do acordo, a siderúrgica
divulgou que havia contratado o banco americano Citi para fechar
acordos semelhantes. “A CSN está tentando ampliar suas vendas para
aproveitar o espaço deixado pela Vale”, diz Pedro Galdi, analista
de investimentos da Mirae Asset.
Os novos contratos e o aumento das margens facilitam a
estratégia da CSN de reduzir seu endividamento, mais elevado que a
média do setor. Pelos resultados de dezembro de 2018, a relação
entre a dívida e a geração de caixa medida pelo Ebitda está em 4,5
vezes. Ou seja: para quitar todas as dividas, a companhia teria de
usar 100% do seu resultado operacional durante quatro anos e
meio.
A siderúrgica, no entanto, se comprometeu a
reduzir esse número para três até dezembro deste ano. Para isso,
vem tentando vender ativos, como fábricas em Portugal e na
Alemanha. Mesmo abaixo dos resultados de anos anteriores, quando
chegou a superar a relação dívida/Ebtida em cinco vezes, a
alavancagem continua elevada e é a maior do setor.
Galdi, da Mirae, afirma que uma razão técnica
amplificou a alta. Vários investidores previam que a dívida da CSN
iria pressionar as cotações para baixo. Com base nessa expectativa,
eles montaram posições a descoberto apostando na queda dos preços,
e tiveram de desfazê-las rapidamente quando a subida começou.
Além dos riscos operacionais, a companhia deve ver o preço do
minério de ferro voltar a patamares anteriores aos do rompimento em
Brumadinho. Essa é a expectativa do Santander, que
espera que as cotações caiam para menos de US$ 70 por tonelada no
ano que vem.
“A redução na oferta da Vale fez outras
empresas aumentarem sua produção”, afirma Gustavo Allevato,
analista do banco. “Além disso, esperamos que em 2020 a própria
oferta da Vale já esteja normalizada”. Ele também avalia que
desacelerações nas economias da China e do Brasil podem pressionar
negativamente as cotações do minério de ferro.
Para os analistas do BB Investimentos, a
CSN apresentou um ano surpreendente, desempenhando acima dos seus
pares, e tornou-se o nome favorito do banco no setor. Dessa forma,
os analistas ajustaram o preço-alvo para R$ 18,50 (antes R$ 13),
com a recomendação outperform reiterada.
A corretora Planner também revisou suas
estimativas para o papel, destacando as melhores perspectivas para
as vendas e os preços de aço e minério de ferro. Dessa forma, o
preço-justo da CSN foi revisado para R$ 15,50 por ação, ante R$
11,40. A recomendação foi alterada de compra para venda, após a
alta de 93,8% no ano.
*Com informações do site
Isto É
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