A produtora de cimentos franco-suíça LafargeHolcim assinou
acordo para vender à Companhia Siderúrgica Nacional (BOV:CSNA3) sua
operação local. Segundo a Lafarge, o valor de empresa (enterprise
value) de sua unidade calculado na transação é de US$ 1,025 bilhão
(ou R$ 5,3 bilhões). A aquisição deve contribuir para a expansão da
CSN Cimentos, que já havia adquirido a brasileira Elizabeth há três
meses.
O Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado)
antecipou em abril que a companhia franco-suíça estava em busca de
um comprador para a operação no Brasil. Ainda naquele mês, a Coluna
do Broadcast informou que Benjamin Steinbruch, controlador da CSN,
tinha interesse no ativo. À época, a filial brasileira da Lafarge
tinha 10% do mercado brasileiro de cimentos.
No comunicado divulgado nesta sexta, a Lafarge informa que o
negócio inclui as cinco plantas integradas de produção de cimento
que opera no País, quatro estações de trituração, seis unidades de
agregação e 19 unidades de mistura de concreto.
A nota não informa a capacidade instalada das fábricas, ou
detalhes sobre o desempenho financeiro da operação local. Na
América Latina, as vendas de cimento da Lafarge, em toneladas,
cresceram 28,3% no primeiro semestre, para 13,3 milhões de
toneladas. As vendas líquidas saltaram 29,5%, para 1,269 bilhão de
francos suíços.
Segundo a Lafarge, a venda do negócio no Brasil fortalece seu
balanço, reduzindo de forma significativa o endividamento da
empresa. A multinacional deve utilizar os recursos que receberá da
CSN para investir na área de soluções e produtos, fortalecendo a
Firestone, adquirida no início do ano.
“Este desinvestimento é mais um passo em nossa transformação em
um líder global em soluções inovadoras e sustentáveis, dando-nos
flexibilidade para continuar investindo em oportunidades atrativas
de crescimento”, diz Jan Jenisch, CEO da LafargeHolcim. “Estamos
satisfeitos por termos encontrado na CSN um comprador responsável,
que vai desenvolver a unidade brasileira a longo prazo.”
A multinacional pretende continuar operando na América Latina,
com investimentos recentemente anunciados na Argentina e no México.
Em abril, a companhia tinha 1,4 mil funcionários no Brasil, com
operações de cimento, concreto e agregados. Líder global no setor,
a companhia vendeu parte de seus ativos locais para a irlandesa CRH
em 2015.
De acordo com dados de 2017, a LafargeHolcim era a terceira
maior produtora de cimento do País em capacidade instalada, atrás
da Votorantim e da Intercement. No primeiro semestre, a CSN
Cimentos tinha capacidade instalada para produzir 4,7 milhões de
toneladas de cimento por ano, segundo documentos entregues à
Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Crescimento
Essa é a segunda aquisição feita pela CSN Cimentos neste ano. A
companhia adquiriu em junho a Elizabeth Cimentos e a Elizabeth
Mineração por R$ 1,08 bilhão, e a operação foi concluída em agosto.
A compra adicionou 1,3 milhão de toneladas em capacidade à produção
da cimenteira da CSN.
No segundo trimestre do ano, a CSN Cimentos teve Ebitda (lucro
antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$
147 milhões, crescimento de 42,8% em um trimestre, e representou
2,2% da receita líquida do Grupo, com receitas de R$ 343 milhões,
alta de 23,6% em três meses.
A CSN chegou a cogitar uma oferta pública inicial (IPO, na sigla
em inglês) da CSN Cimentos no primeiro semestre, mas adiou os
planos. A companhia preferiu esperar uma melhor janela para seguir
com a operação.
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
Na avaliação do Bradesco BBI, a transação representa um passo
positivo para a CSN, em linha com a estratégia da companhia de
expandir sua atuação no mercado de cimento doméstico por meio de
fusões e aquisições.
“A aquisição deve levar a CSN Cimentos a uma capacidade total de
16,3 mtpy, configurando a empresa como o terceiro maior player no
mercado brasileiro depois de Votorantim e InterCement Brazil”,
destaca.
“As ações da CSN dificilmente refletem a nova realidade da
empresa (com suas operações de aço, mineração e cimento registrando
números recordes), bem como forte geração de fluxo de caixa e
potencial de pagamento de dividendos, agora que a saga de
desalavancagem acabou”, escreve o time de análise.
Bradesco BBI mantém recomendação de compra com
preço-alvo de R$ 67,00…
Guide Investimentos
A aquisição realizada pela CSN Cimentos traz robustez ao seu
negócio, com aumento bastante significativo de sua produção, o que
pode atrair uma demanda maior do ponto de vista do investidor para
a participação de seu IPO quando ocorrer. Em maio a empresa
protocolou seu pedido em junto a CVM.
Levante
“Agora, caminhando para uma nova fase da companhia, com menor
meta de alavancagem e estrutura de capital bem mais saudável, a CSN
teve ‘poder de fogo’ suficiente para incorporar ativos importantes
e consolidar o mercado de cimentos, preparando o terreno para o IPO
da empresa do cimento de ‘saco roxo’”, escrevem os analistas da
Levante.
O time destaca que os ativos da Lafarge rodam em uma
produtividade menor que a da CSN e da própria Elizabeth –
recentemente adquirida –, esta última, possuindo plantas e
estrutura mais modernas.
Isso permite, segundo a Levante, que as sinergias projetadas e a
integração das operações proporcionem ganho de escala e maior
rentabilidade, alcançando gradualmente a rentabilidade da CSN
Cimentos – atualmente em torno de 40% a 45% de margem Ebitda (lucro
antes de juros, impostos, depreciação e amortização), nos níveis
atuais de preço do cimento no mercado.
Morgan Stanley
Segundo o Morgan Stanley, num primeiro momento, o valuation
parece atrativo à primeira vista, chegando a US$ 100 por
tonelada de cimento contra US$ 262 a tonelada e US$ 192 a tonelada
pagos em média nas negociações de 2018-2019, respectivamente. Além
disso, os US$ 100 a tonelada se comparam aos US$ 167 a tonelada que
a CSN Cimentos pagou recentemente pelos ativos da Elizabeth
Cimentos.
Por outro lado, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) pode ser um problema, já que os ativos da Lafarge estão
localizados principalmente na região sudeste do Brasil, que é o
principal mercado da CSN Cimentos.
“Consequentemente, acreditamos que a aprovação do regulador pode
vir com alguns remédios, exigindo que a CSN Cimentos venda alguns
de seus ativos na região”, avaliam os analistas do Morgan.
Informações Broadcast
SID NACIONAL ON (BOV:CSNA3)
Historical Stock Chart
From Jun 2024 to Jul 2024
SID NACIONAL ON (BOV:CSNA3)
Historical Stock Chart
From Jul 2023 to Jul 2024